Teorias da
Comunicação

Me. Andréa Gonçalves Carneiro
Iniciar
introdução
Introdução

Esta unidade dedica-se a estudar a comunicação e a cultura da Pós-Modernidade. Para tanto, o primeiro capítulo debruça-se sobre a abordagem da contracultura e o entendimento do que foi esse movimento no contexto social a partir da segunda metade do século XX. Explica-se o conceito de Pós-Modernidade e de identidade cultural.

No segundo capítulo, diferenciamos Modernidade de Pós-Modernidade para entendermos o contexto e os conceitos da sociedade do consumo e da sociedade do espetáculo. O terceiro capítulo é dedicado à comunicação do século XXI, abordando cibercultura, cultura da convergência e inteligência coletiva. O quarto e último capítulo traz o pensamento comunicacional latino-americano, a Teoria da Mediação e suas influências sociais.

Bons estudos!

Contracultura

Durante a segunda metade do século XX, especificamente na década de 1960, o mundo é marcado por grandes transformações políticas e culturais, dando espaço para um movimento de contracultura que teve como principal foco a contextualização e a mobilização, utilizando os novos meios de comunicação social como suporte para essa transformação.

No âmbito cultural, o mais conhecido movimento de contracultura foi o Hippie, que propôs mudanças em relação ao comportamento social e quebrou regras das formas tradicionais tanto da sociedade quanto de organização da vida.

Época marcada por muitas contestações, o movimento Hippie deixa rastros de sua atuação social até hoje em nossa sociedade. Jovens conscientes, da época, rebelaram-se em relação à forma tradicional e conservadora de viver da grande maioria da sociedade. O principal objetivo era protestar contra o sistema, pois produzia muita miséria, violência, guerra e angústia na população. Esse movimento teve seu foco inicial nos Estados Unidos, motivado por músicos e artistas; em pouco tempo se espalhou por diversos países. Uma banda que marcou esse movimento foi The Beatles, que ajudou na difusão da contracultura.

Durante a Guerra do Vietnã, marco do surgimento do movimento Hippie (contracultura), tínhamos uma população de jovens que reagia contra a violência e as guerras. Valia tudo para preservar a paz do país. Muitos jovens tornaram-se militantes de esquerda, lutando contra a fome, a favor da vida espiritual e em oposição ao materialismo proposto pelo capitalismo.

Foi uma geração única, marcada por roupas coloridas, cabelos masculinos compridos, acampamentos como forma de lazer, músicas com violão, alimentação mais natural e admiração da cultura oriental. Uma vida alternativa. Resumindo, os hippies pregavam uma vida não tradicional e contra a sociedade do consumo. Optavam por uma existência menos individualizada e mais comunitária, repudiavam o Estado e o capital, preferiam o rock ao barulho de metralhadoras, o sexo à violência da polícia, eram contra a submissão da mulher ao homem e pregavam quebras de tabus em relação à virgindade: era uma mudança drástica no comportamento social e cultural.

O Brasil também teve reflexos da contracultura, com o surgimento dos tropicalistas e a adesão de estudantes e artistas que buscaram o rock´n´roll como referência. Com a Ditadura, os jovens também tinham objetivos parecidos com os dos Hippies: igualdade de direitos, liberdade, fim do machismo e contra a arbitrariedade governamental. Nessa época, muitos artistas foram perseguidos e exilados por tentar divulgar seus ideais por meio de suas obras e músicas.

Agora, vamos estudar sobre outros estudiosos da época.

Materialismo Cultural de Raymond Williams

Raymond Williams foi neto de agricultores e cresceu em um ambiente propício para sua formação: a Universidade de Cambridge, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele percebeu a mudança qualitativa da vida social e pôde avaliar as possibilidades de uma prática progressista. Sua principal contribuição se deu no desenvolvimento de um novo pensamento em relação à questão da cultura. Muitas das mudanças qualitativas que ocorreram na época estavam ligadas ao dinamismo dos meios de comunicação de massa, dando indícios dos novos modos de “ver” a cultura.

Em sua obra Cultura e sociedade, ele faz uma abordagem histórica demonstrando o processo desde o desenvolvimento do pensamento até a formação do propósito social. Afirma ainda o quanto a cultura é fundamental na formação e na manutenção do sistema. A grande novidade dos estudos de Williams está na demonstração do potencial cognitivo da crítica cultural, uma vez que as formações sociais e culturais são interconstituídas.

O propósito de Raymond era articular um conceito de cultura que desse possibilidade de apresentar os limites e as pressões a que as ações humanas estão submetidas, e ao mesmo tempo preservar um lugar para as mudanças. Quando demonstra que o sentido da cultura não é pré-moldado, mas uma articulação de choques e contradições de consciências, sua teoria deixa claro que a linguagem e os meios de produção cultural são pontos em que é possível e necessária a intervenção, ao contrário do que muitas ideologias pregavam.

Identidade Cultural e Pós-Modernidade

Para abordar o tema da identidade cultural, ou crise de identidade, como muitos autores denominam, precisamos entender um pouco o contexto histórico no qual isso acontece.

Muitos autores denominam o século XX como sendo a época da crise de identidade cultural da sociedade. Isso se dá tomando como base central as mudanças estruturais sociais que vivenciamos nessa época histórica, como a fragmentação e a desconstrução de identidades de classe, etnia, raça e gênero. Vimos a “rebeldia” da contracultura, questionando diversos parâmetros sociais. Nesse contexto, temos o questionamento de identidade do indivíduo.

No final do século XX, vemos as paisagens culturais começarem a se fragmentar e a se modificar, transformando a nossa identidade pessoal e consolidando a perda de um sentido de si mesmo, o que é denominado “descentralização do sujeito”.

Essa descentralização do indivíduo é o que constitui a crise de identidade provocada pelos insistentes questionamentos sobre o lugar do indivíduo no mundo social e cultural e sobre si mesmo. Esse processo de mudança representa a transformação e levanta um questionamento a respeito de ser a própria Modernidade aquela que está sendo transformada.

Para melhor compreensão dessa identidade, alguns estudiosos a categorizam em:

Sujeito do iluminismo

Um indivíduo centrado, unificado e de ação, cujo centro consistia no seu interior, e assim permanecia durante toda a sua vida.

Sujeito sociológico

Que reflete a complexidade do mundo moderno; parte do princípio de que o centro não é autônomo e autossuficiente, mas formado na relação entre as pessoas de seu convívio.

Sujeito pós-moderno

Que define a identidade como sendo formada e transformada continuamente em relação a como somos representados no sistema cultural que nos rodeia.

  1. Sujeito do iluminismo, um indivíduo centrado, unificado e de ação, cujo centro consistia no seu interior, e assim permanecia durante toda a sua vida.
  2. Sujeito sociológico, que reflete a complexidade do mundo moderno; parte do princípio de que o centro não é autônomo e autossuficiente, mas formado na relação entre as pessoas de seu convívio.
  3. Sujeito pós-moderno, que define a identidade como sendo formada e transformada continuamente em relação a como somos representados no sistema cultural que nos rodeia.

A globalização também é outro ponto em relação à identidade: ela está relacionada à mudança provocada pela Modernidade. As sociedades pós-modernas são caracterizadas por mudanças constantes, permanentes e rápidas, Não há, nessa nova sociedade, nenhum centro, nenhum articulador, e ela não se desenvolve de acordo com uma única causa. Essas mudanças provocaram uma libertação do indivíduo de suas tradições.

O que realmente ocorre na Pós-Modernidade é a descentralização do indivíduo, o que se deve a cinco grandes avanços na teoria social e nas ciências humanas: 1) tradições do pensamento marxista, 2) descoberta do inconsciente por Freud, 3) trabalhos da Linguística Estrutural de Ferdinand de Saussure, 4) o trabalho de Michel Foucault e 5) o impacto do Feminismo.

As culturas nacionais se constituem uma das fontes primordiais da identidade cultural. Alguns estudiosos ainda se arriscam a afirmar que a tendência a uma interdependência global está levando ao colapso de todas as identidades culturais e produzindo fragmentação de códigos culturais, diversidade de estilos e pluralismo cultural. Daí o termo “crise de identidade cultural”.

praticar
Vamos Praticar

A identidade cultural é um conjunto vivo de relações sociais que estabelece agregação de valores entre membros de uma sociedade. É um conceito de mudanças complexas, rápidas, constantes e intensas. Em relação à identidade cultural na Pós-Modernidade, pode-se afirmar que:

I. Muitos teóricos tiveram grande preocupação e denominaram as transformações sociais como um perigo, podendo oferecer riscos históricos para a sociedade.

II. A identidade, para melhor compreensão histórica, pode ser classificada em cinco fases: iluminista, sociológica, moderna, anticultural e pós-moderna.

III. O fator central da identidade cultural está na descentralização cultural do homem e no questionamento constante sobre o lugar do indivíduo no mundo social e cultural.

Parabéns! Respostas enviadas. Aguarde.
Oops! Something went wrong while submitting the form.
Pós-Modernidade x Modernidade

Pode-se conceituar Modernidade como o fruto da construção do pensamento humano em relação aos fatos históricos. Caracteriza-se pela realidade cultural, social e econômica vigente no mundo.

Por ser um vocabulário tão utilizado em nosso dia a dia, ele passou a ter o contexto do termo “contemporâneo”, ou seja, o que existe em nosso mesmo período de tempo.

Para entender de forma mais exata como se dá a passagem de determinado período de tempo para outro, temos que recorrer a fatos históricos que pontuam essas transições. O ápice da superação dos pensamentos sociais que marcaram o final do período medieval teve início com a Revolução Francesa. O rompimento do pensamento crítico ainda ligado à Igreja Católica e o estabelecimento da construção do conhecimento desvinculado dos pensamentos católicos foram alguns dos passos em direção à Modernidade.

A Revolução Francesa teve como marco a construção ideológica que foi nomeada como Iluminismo. Os pensamentos do Iluminismo tinham como convenção que o conhecimento vinha da experiência a partir dos sentidos. Assim, estabeleceram a razão e a ciência como forma de conhecer o mundo. A monarquia francesa foi derrubada diante do fortalecimento dos ideais igualitários e do racionalismo, nos quais se evidenciava o pressuposto da igualdade, que será mais adiante o ponto de partida dos movimentos democráticos americanos.

As obras de René Descartes foram fonte de inspiração e base da filosofia moderna. O Método Cartesiano foi o ápice de sua filosofia e demonstrava o caminho a ser tomado para alcançar o conhecimento. O Método Cartesiano e o pensamento racional foram os marcos da Era Moderna: a Revolução Industrial, que teve como pontos marcantes uma mudança drástica na formação social da época, além de conflitos ideológicos, guerra armamentista, entre outros. Tudo isso exigiu da população uma produção de bens materiais em alta escala. A produção rural deixa de ter a força que tinha para que os holofotes ficassem na área urbana, que apresentava um crescimento exponencial. Tudo isso fez com que tivéssemos uma mudança estrutural social e o marco estabelecido da Era Moderna.

A Pós-Modernidade, por sua vez, tornou-se foco de discussão nas questões relativas à cultura, arte, literatura e teorias sociais. A noção de Pós-Modernidade reúne conceitos e modelos de pensamentos como: sociedade pós-industrial, pós-comunismo, pós-urbano, pós-capitalismo etc. Também se coloca em relação à ecologia, ao feminismo, a planificação, ao marketing.

As características do pós-modernismo podem ser elencadas e resumidas em: colonização do universo pós-moderno pelos mercados econômico, político, cultural e social; dominação pela imaginação das mídias eletrônicas; celebração do consumo como forma de ascensão social; pluralidade cultural etc.

A Pós-Modernidade, em resumo, tem como marcos o predomínio do instantâneo, o fim das fronteiras, dando a sensação de que o mundo está cada vez menor diante do avanço da tecnologia. O mundo se caracteriza, pelos olhos da Pós-Modernidade, como um mundo virtual de imagens, sons e textos em velocidade instantânea.

Essas são, portanto, as principais diferenças que vivenciamos entre Modernidade e Pós-Modernidade.

Jean Baudrillard

Jean Baudrillard foi considerado um dos principais estudiosos da Pós-Modernidade e um dos autores que melhor definiram o mal-estar contemporâneo. Teve como obras marcantes: Sociedade do consumo (1970), Por uma crítica da política econômica do signo (1972), A troca impossível (1999), entre outras.

Uma série de teorias sobre os impactos da comunicação e da mídia na sociedade e na cultura contemporâneas é um grande marco dos seus estudos. Ele baseou sua filosofia no conceito da virtualidade, refutando o pensamento científico tradicional. Culpava a massa pela cumplicidade com os meios de comunicação e a sociedade do consumo. Lembrava sempre que os objetos não têm valor de uso e de troca, mas um valor de signo, determinante nas práticas de consumo. Segundo os estudos de Baudrillard, o sistema tecnológico e a quantidade de informação produzida influenciam a massa crítica. O sistema tecnológico representa o homem, que passa a ser um elemento virtual para o todo.

As teorias criadas por Baudrillard contradizem o discurso da verdade absoluta e criticam a situação imposta pelos sistemas contemporâneos de signos. Outros fenômenos que serviram como objetos de seus estudos foram os impactos do desenvolvimento tecnológico e os papéis do homem nesse contexto. Também ressalta a quantidade de informações que as redes geram e que são superiores ao limite de influenciar a massa crítica. Todo o ambiente está contaminado pela intoxicação mediática que sustenta o sistema. A dependência desse feudalismo tecnológico é necessária devido à sua relação com o dinheiro.

Sociedade do Consumo

“Sociedade do consumo” é um termo utilizado para designar uma sociedade que se encontra em uma etapa avançada de desenvolvimento industrial capitalista e que tem como principal característica o consumo excessivo. É uma sociedade que vive em um ciclo vicioso: para manter sua estrutura, estimula o consumo, que estimula a produção, que provoca um aumento no consumo, que gera mais produção.

Muitos estudiosos remontam o início da Sociedade do Consumo à Revolução Industrial, porém, foi em 1910 que ela se intensificou mediante o surgimento do American way of life: a ideia era fazer que a população americana acreditasse que a felicidade estava pautada no consumo. A consequência disso foi uma superprodução das indústrias, provocando estoques abarrotados, gerando o excessivo incentivo ao consumo. Com o passar do tempo, o problema dos estoques foi resolvido, porém, deixou grandes marcas na sociedade e nas gerações seguintes de todo o mundo.

Dentre todos os problemas causados pela sociedade do consumo, o mais grave é o ambiental: para dar conta do consumo, as indústrias precisam produzir cada vez mais, absorvendo de forma desenfreada matérias-primas que não conseguem ser repostas em grande escala. O saldo é uma grande devastação e os descartes incontroláveis que o consumo provoca.

As principais características da sociedade do consumo são:

  • Empresas apelam para estratégias de marketing cada vez mais diferenciadas (agressivas e sedutoras) devido ao excesso de ofertas e à necessidade de escoamento de estoques.
  • A maioria dos produtos tem como seu método de fabricação a produção em série, provocando as instituições a investirem em formas cada vez mais sofisticadas de produção.
  • O consumo assume as características do consumo de massa, devido à massificação de procura e de ofertas dos produtos.
  • Alguns produtos assumem o perfil de consumo de integração social.
  • A sociedade é tão motivada ao consumo que, muitas vezes, esse consumo serve para suprir faltas e vazios.

Uma das principais características que a sociedade do consumo assume no decorrer do tempo é a sua rendição às forças capitalistas: suas bases culturais estão submetidas ao seu padrão de consumo, imposto por essa sociedade. Os consumidores perdem a característica de “indivíduos” e passam a ser considerados a “massa de consumo”, facilmente influenciável pelas estratégias de marketing, que conseguem criar “falsas” necessidades para esses consumidores.

Sociedade do Espetáculo

O ano de 1968 ficou conhecido como o “ano das revoltas”. A França foi o país que desencadeou todas as manifestações, muitas delas comandadas por Guy Debord por meio do movimento Internacional Situacionista, formado por um grupo de críticos da sociedade da época e que tinha como sua maior obra o que denominavam a “sociedade do espetáculo”.

Guy Debord foi um filósofo, cineasta e crítico cultural francês; ele esteve envolvido com a fundação e a manutenção do grupo Internacional Situacionista, dedicado às críticas do que denominavam a “sociedade do espetáculo”, uma sociedade mediada por imagens; toda a sua lógica era mercantil e ditava as regras do cotidiano da população.

Debord escreveu o livro A sociedade do espetáculo, que tomava como entonação uma crítica feroz à sociedade contemporânea, ao consumo, à cultura da imagem e à invasão da economia no cotidiano da sociedade. O livro e a ideologia foram bandeira contra o capitalismo ocidental e o socialismo russo.

Em sua obra, Debord apresenta o seu conceito de “espetáculo” como a figura de pessoas mediadas por imagens; essas imagens fazem delas meros espectadores contemplativos.

Em 1968, diante da greve geral estudantil na França, a ideologia de Debord ganhou força; afirmava-se que as ideias precisavam se tornar novamente “perigosas”, coisa que não mais acontecia em uma sociedade de robôs.

A década de 1960 foi a base de toda forma de contestação social, motivada exclusivamente pela população, em especial pelos estudantes. Não havia nenhuma intervenção de políticos, mas somente da população. Na França, em especial, a forma de governar era rígida, e o trabalho era tido (e catequizado na mente da população) como dignificador. Mulheres tinham seu espaço dentro de casa e, os estudantes, na universidade; a homossexualidade era tida como doença. Porém, tudo isso mudou a partir daquele ano.

Em 1973, Debord lança o filme A sociedade do espetáculo (seu livro de mesmo tema compunha o roteiro da obra). O filme é, na verdade, um antifilme, uma forma de utilizar a cultura para fins subversivos, ou seja, utilizar o cinema (auge na época na Europa) como uma nova forma de arte, explorando o visual. Era o ápice de um cinema político. Uma nova maneira de utilizar o cinema: não mais como forma acadêmica ou comercial, apresentando à sociedade uma crítica daquilo que viviam.

praticar
Vamos Praticar

A sociedade do espetáculo é, na verdade, o próprio espetáculo. É a forma perversa da sociedade do consumo. Segundo a obra de seu fundador, Debord, o ponto de partida do livro sociedade do espetáculo é o retrato da passividade do homem da sociedade e de sua aceitação dos valores preestabelecidos pelo capitalismo. Também é correto afirmar, em relação à sociedade do espetáculo:

I. É uma sociedade caracterizada por uma etapa avançada em relação à produção industrial, cenário em que a sociedade é motivada a consumir devido ao alto índice de produtividade.

II. É uma sociedade caracterizada pela forma de consumo supérfluo; o mais prejudicado por esses princípios é o meio ambiente, devido ao alto índice de exploração de recursos naturais e aos descartes dos lixos.

III. É uma sociedade saturada pelo excesso de consumo, que tem por ideologia a crítica radical a todo tipo de imagem que leve o homem à passividade e à aceitação da sociedade capitalista.

Parabéns! Respostas enviadas. Aguarde.
Oops! Something went wrong while submitting the form.
Comunicação do Século XXI

A comunicação, em um contexto histórico, é um instrumento de instrução, de integração, de troca e desenvolvimento do ser humano. Com o decorrer do tempo, o que vem se aprimorando é a forma como nos comunicamos e as ferramentas que ajudam na expansão das organizações e do ser humano.

Desde os anos de 1990, os contextos social, econômico e mercadológico passaram por mutações – consequências provocadas pela globalização. Esse cenário gerou uma competição mais acirrada entre as organizações, que estão sempre à procura de uma estabilidade financeira e mercantil, exigindo dos profissionais uma atuação em equipe, com mais transparência, segurança, fidedignidade e credibilidade, pois a exigência social está cada vez maior em relação à atuação empresarial.

Outro problema advindo da nova comunicação do século XXI refere-se à segurança das informações. Daí a exigência cada vez mais constante de profissionais mais e mais especializados.

A nova cultura provoca sentimentos controversos nos estudiosos, pois, ao mesmo tempo que podem se sentir fascinados, otimistas e curiosos a respeito da nova mídia digital, também são provocados por inquietude, medo e incertezas sobre a forma de criação e de consumo dessas informações. Também denominada “cultura participativa”, a “nova comunicação” faz com que pessoas – chamadas de “fãs” desse cenário midiático – possam consumir, compartilhar e até alterar e repassar as informações originais. Em cenários mais antigos, esses personagens encontram-se no final da cadeia produtiva, e eram meramente coadjuvantes passivos da comunicação, facilmente manipuláveis. Com o passar do tempo, começaram a adquirir um papel mais ativo, crítico e produtivo nessa cadeia. Isso se agravou com o surgimento da internet, que acabou com a hierarquia e as fronteiras antes estabelecidas pelas produtoras e pelos consumidores de informações. Consumidores, com as novas formas de consumir e produzir informação, começam a defender seus pontos de vista do conteúdo midiático.

Nesse novo contexto, as atividades tanto dos consumidores quanto dos produtores de informações não são mais relativas a uma postura discursiva crítica ou resistente aos conteúdos comerciais, mas referentes à criação de alternativas próprias das redes colaborativas digitais.

Toda essa nova forma midiática da nova comunicação do século XXI demonstra um novo perfil do consumidor, uma nova forma de letramento digital, de relacionamento e até de direitos. Agora, consumidores não aceitam qualquer coisa por qualquer custo. São exigentes, sabem seus direitos e têm pleno conhecimento de como garanti-los: é uma nova sociedade.

Cibercultura

Cibercultura é o termo utilizado para a cultura que surge a partir do uso das redes de computadores, da comunicação virtual, da indústria do entretenimento e do comércio eletrônico, já que a cultura contemporânea é marcada pelas tecnologias digitais. Esse conceito foi criado e muito estudado por Pierre Lévy.

A Cibercultura também é associada a fenômenos sociais que estão diretamente relacionados à internet e às novas formas de comunicação on-line, além de estar presente também na área da Educação, por meio de múltiplas linguagens e canais distintos.

A comunicação digital possibilitou o surgimento de uma nova sociedade. A interatividade global é a prova disso, criando novas formas de pensar, de se relacionar e até de consumir. Isso é cibercultura: esse conjunto de transformações sociais e culturais mediado pelo ciberespaço; esse mundo hiperconectado que se tornou o novo desafio da filosofia contemporânea.

Essa natureza globalizada formada pelo mundo virtual indica que a cibercultura não está condicionada aos mesmos fatores da sociedade tradicional. A cibercultura não é a representação de determinada cultura, mas de todas as culturas “juntas e misturadas”, e é condicionada por fatores tecnológicos. Ela não obedece a hierarquias ou ordens.

A cibercultura teve início com a criação dos primeiros computadores; em seguida, houve a popularização do mundo da informática e a criação das primeiras redes de computadores. O que faz a cibercultura ter “estourado” e ainda estar em franco crescimento é a nossa necessidade de nos comunicarmos cada vez mais e com maior velocidade.

Se pudéssemos resumir o que é cibercultura, diríamos que é uma forma sociocultural que surge de uma relação de troca de experiências entre a sociedade, utilizando a tecnologia como plataforma. É o agenciamento social das comunidades no espaço eletrônico virtual, ampliando e popularizando a internet, possibilitando a quebra de fronteiras e a construção de um meio colaborativo.

Cultura da Convergência

Henry Jenkins foi o primeiro estudioso a cunhar o conceito de “cultura da convergência”, que  trata da necessidade que o homem tem de cada vez mais estar conectado com todo o mundo – e o mais importante: não só consumindo informação, mas produzindo-a.

A convergência é um processo cultural relacionado ao fluxo de imagens, ideias, histórias e relacionamentos por meio do maior número de canais midiáticos possível.

É pela cultura da convergência que entendemos como as informações serão produzidas, veiculadas e consumidas, e não só o meio pelo qual serão divulgadas, procurando explicar como a sociedade se desenvolveu – e se desenvolve – em torno das tecnologias e da internet.

Se formos estudar a fundo, a cultura da convergência mudou muitas áreas e suas atuações no mercado, como é o caso da mercadologia: a empresa tem e precisa construir uma nova forma de relacionamento com o consumidor.

Nos estudos da convergência é muito comum nos depararmos com o termo “transmídia”, que se refere ao uso de algumas mídias para transmitir uma informação a determinado público. O uso e a exploração da transmídia são ainda mais importantes no cenário em que vivemos. Repare em como a população é bombardeada por mensagens – mas só nos atentamos ao que realmente nos interessa e que seja mais atraente. Por isso, as empresas precisam criar um relacionamento íntimo com seu público, pois devem ter sua marca muito bem representada. Não é uma tarefa fácil, há muito mais exigência no perfil do consumidor de hoje, mas as instituições devem ter uma atuação unificada em diversas mídias, a fim de que não caiam em descrédito.

Para os estudiosos, a cultura da convergência tende a convergir diversas mídias para um só meio, ou seja, todas as mídias estão sendo influenciadas por um único meio: a internet. A convergência se aplica no modo como as informações serão produzidas, veiculadas e consumidas, não se fixando no meio em que isso ocorrerá.

A cultura da convergência procura explicar os fundamentos da sociedade que se desenvolveu por meio das tecnologias e da internet, propiciando ao homem produzir seu próprio conhecimento e compartilhá-lo, transformando radicalmente a nova sociedade do século XXI.

Inteligência Coletiva

Pierry Lévy criou o conceito de “inteligência coletiva”, que se caracteriza pela nova forma de pensamento sustentável por meio de conexões sociais que possibilitam a utilização de redes abertas na computação e na Internet. Essas conexões são representadas por linguagens, sistemas de signos e recursos lógicos, ou seja, todo o nosso funcionamento intelectual é induzido por representações. Pierre Levy afirma que o ser humano é incapaz de pensar só e sem o auxílio de qualquer ferramenta.

A inteligência coletiva é uma forma de o homem pensar e compartilhar seus conhecimentos com os demais que participam da mesma comunidade, utilizando recursos computacionais e a internet; ela reforça o conceito da interatividade e do compartilhamento de conteúdos por websites e redes sociais.

A inteligência coletiva é tida como uma antropologia do ciberespaço, produzindo reflexões sobre o impacto das tecnologias sobre a sociedade; ela enfatiza a capacidade que esses novos meios de comunicação têm de permitir à população o compartilhamento de suas ideias.

Levy ainda afirma que a inteligência coletiva serve como um modo de interação social democrática, e o ciberespaço é mais do que uma mídia: trata-se de uma reunião de infinidades de mídias que permitem a interatividade entre os seres em tempo real. O ciberespaço, dessa forma, é o meio no qual a inteligência coletiva se desenvolve; seu objetivo é promover conexões entre seus participantes, o que acaba por criar um novo conceito, a cibercultura (como já estudado, é a transmissão e a construção de ideias que estabelecem uma nova forma de se relacionar, de aprender e de comunicar).

A inteligência coletiva não se limita à exposição de conteúdo e ao seu retorno, mas representa a capacidade de reconhecer o outro dotado de inteligência que possui um conhecimento potencializado.

Felizmente, o avanço da tecnologia proporcionou a integração de diversos povos, apesar de suas línguas diferentes. Agora, o aprendizado não é mais processado de forma linear, mas em espiral.

Podemos afirmar que a inteligência coletiva (LÉVY, 2004) está cada vez mais impregnada em nossa sociedade interligada em redes.

praticar
Vamos Praticar

“A cada minuto que passa, novas pessoas passam a acessar a internet, novos computadores são interconectados, novas informações são injetadas na rede. Quanto mais o ciberespaço se amplia, mais ele se torna ‘universal’, e menos o mundo informacional se torna totalizável. O universo da cibercultura não possui nem centro, nem linha diretriz. É vazio, sem conteúdo particular. Ou antes, ele os aceita a todos, pois se concentra em colocar em contato um ponto qualquer com qualquer outro, seja qual for a carga semântica das entidades relacionadas.”

LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. p. 113.

É correto afirmar que:

I. O ciberespaço suprime as particularidades culturais e as desigualdades sociais ao organizar, de modo imparcial, as informações que são distribuídas num nível planetário.

II. O conceito de cibercultura pode ser utilizado para descrever o aparecimento de novos modos de ser e de pensar que produzem mudanças cognitivas e sociais por meio da interação virtual.

III. Ainda que inserida na indústria cultural, a internet tem o potencial de democratizar o acesso ao conhecimento por meio da criação de novos espaços de produção, troca e difusão de informações.

Parabéns! Respostas enviadas. Aguarde.
Oops! Something went wrong while submitting the form.
Pensamento Comunicacional Latino-americano

A essência do pensamento comunicacional latino-americano desponta na década de 1940, quando surgem reflexões e análises sobre a atuação do Jornalismo e da Publicidade e sua influência no comportamento da sociedade da época. Na década de 1950, as temáticas foram ampliadas para o desenvolvimento da indústria comunicacional. As indústrias culturais são consideradas o ponto crucial para o crescimento e a expansão do sistema capitalista informacional.

Na década de 1970, a forma de governar das nações começa a ser ditada pelo bem-estar social: a função do estado é assegurar, sustentar e incentivar a participação de todos os players na sociedade.

Nos anos de 1980, a Economia Política da Comunicação conquista um documento basal sobre as políticas em comunicação aprovado pela Unesco, com amplo reconhecimento em relação aos sistemas de comunicação. Verificaremos como isso se deu no âmbito nacional, no imperialismo americano e europeu e nos estudos latino-americanos.

Imperialismo Europeu e Americano

Os norte-americanos sempre foram pioneiros na denúncia das relações existentes entre meios de comunicação, estado e corporações industriais. Já os latino-americanos questionam processos trabalhistas, valorização dos produtos culturais e revisão dos conceitos para influenciar a sociedade. Os estudos europeus tinham como prioridade a análise crítica entre produção material e simbólica, pontuando os meios de comunicação como entidades econômicas cujo objetivo era criar valorização pela venda de mercadorias-programas por meio da publicidade.

O marco inaugural desses estudos no Brasil foi o livro Mercado brasileiro de televisão, que traz uma abordagem histórica da TV brasileira para alocar a questão das barreiras, desenvolvendo a formação do oligopólio nesse mercado comunicacional. Surge também a discussão sobre as diversas mídias no capitalismo. Um dos pontos conceituados foi denominado padrão tecnoestético, que funcionaria entre barreiras à entrada de novos players, sendo um elemento fundamental para fidelização da audiência.

Os anos de 1990 tiveram como marco a elevação das intervenções comunicacionais  – a maioria delas está mediada pela tecnologia. As indústrias culturais passam a se expandir, promovendo economias, aumentando a rentabilidade dos produtos e se expandindo cada vez mais. Para o consumidor, há maior oferta de programação; para as organizações, uma melhor e mais rentável forma de vender seus produtos.

Teoria das Mediações

Na Teoria das Mediações, o processo de comunicação é enxergado a partir dos dispositivos socioculturais, que influenciam diretamente os envolvidos no processo comunicacional no que diz respeito ao seu modo de ver o mundo; o receptor, no processo comunicacional, não é um simples decodificador daquilo que o emissor lançou de mensagem, mas também é um produtor, é participativo.

Não temos como abordar a Teoria das Mediações sem citar Jesùs Martin-Barbero, sociólogo, antropólogo e filósofo espanhol que, dentre seus principais estudos, traz a obra Mediações: comunicação, cultura e hegemonia, na qual propõe uma reflexão sobre a vida privada e a forma como a cultura de massa influencia a classe trabalhadora; ele critica os estudiosos da Escola de Frankfurt que ignoraram todos os aspectos não revolucionários da vida dos cidadãos.

A ótica do mercado não perpassa apenas a sociedade, mas também as explicações da sociedade. Isto explica por que as teorias críticas privilegiavam as dimensões que têm a ver com a figura do trabalhador-produtor de mercadorias não somente na hora de compreender sua situação, mas também na hora de despertar sua consciência. Da mesma forma, o que verdadeiramente interessa à maioria das organizações de esquerda na vida das classes populares foram as ações de reivindicação e as associações que organizam essa luta. (MARTÍN-BARBERO, 2009, p. 65)

Por fim, Barbero (2009) aponta que o avanço tecnológico dos televisores não constitui uma transformação de conteúdo, mas o conteúdo que promoveu o avanço tecnológico. Ele ainda destaca que a mudança foi muito mais aparente do que em sua essência.

reflita
Reflita

Com os estudos realizados nesta unidade, pudemos verificar como houve uma evolução nas teorias da comunicação no decorrer dos anos, chegando até os tempos atuais. Com o avanço da tecnologia, houve também a popularização e a democratização da informação. Contudo, até que ponto estamos livre da influência dos meios de comunicação de massa?

saiba mais
Saiba mais

Para compreendermos o quanto a sociedade é dependente culturalmente, financeiramente e politicamente dos meios de comunicação, sugerimos uma leitura mais aprofundada sobre o processo comunicacional latino-americano.

ACESSAR
praticar
Vamos Praticar

Na América Latina, durante as décadas de 1970 e 1980, a esfera comunicacional sofreu profundas modificações a partir das transformações sociais, econômicas e políticas da região. Muitas dessas mudanças ocorreram devido a uma grande influência linguística e semiológica. Os movimentos sociais da época passaram a representar um importante papel no processo de democratização e de lutas contra as ditaduras em diversas regiões.

Leia as afirmações abaixo e assinale a alternativa que represente as características comunicacionais dessa época:

I. O imperialismo norte-americano da época é uma referência de um comportamento autoritário de influência militar, cultural, política, geográfica e econômica.

II. O modo de vida norte-americano é vendido para todo o mundo como perfeito. O pensamento americano exclui a diversidade de outras culturas e suas especificidades, com demonstrações que denotam a superioridade que o governo norte-americano faz questão de imprimir às demais nações.

III. O modelo comunicacional barberiano parte do princípio de que a proposta do processo de comunicação e do meio está nos modos de interação que o próprio meio transmite ao receptor, e não nas mensagens.

Parabéns! Respostas enviadas. Aguarde.
Oops! Something went wrong while submitting the form.
indicações
Material Complementar
Livro

Do público para as redes. A comunicação digital e as novas formas de participação social.

Massimo Di Felice

Editora: Difusão

ISBN: 8578080351

Comentário: O livro aborda diálogos de diversos pesquisadores que estudaram o impacto da tecnologia digital na sociedade contemporânea e as novas formas de interação das redes sociais, delimitando a nova comunicação do século XXI e suas consequências no comportamento social. É uma boa leitura!

Filme

A rede social

Ano: 2010

Comentário: O filme conta a história do fundador do Facebook e mostra como nasceu a rede social mais importante da atualidade, apontando suas influências na sociedade. O filme traz o início da rede, na Universidade de Harvard, e os impasses entre seus fundadores visionários. Com esse filme é possível verificarmos como as redes tecnológicas mudaram a forma de se portar da sociedade mundial.

Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer disponível em:

Trailer
conclusão
Conclusão

Nesta unidade, estudamos as teorias que predominam nos séculos XX e XXI. Vimos o conceito de contracultura e verificamos como ele influenciou, e ainda influencia, nossa forma de consumir informação. Passamos pelas principais diferenças entre Modernidade e Pós-Modernidade, e estudamos também a Teoria das Mediações.

Pudemos entender melhor os conceitos propostos por Jean Baudrillard, checando explicações sobre a sociedade do consumo e o conceito de espetáculo para a comunicação. Abordamos a comunicação do século XXI, estudando cultura da convergência, cibercultura e inteligência coletiva, conceitos criados e estudados por Pierre Lévy.

A unidade encerra-se com a contextualização do pensamento comunicacional latino-americano e a explicação da Teoria das Mediações, com uma reflexão sobre sua influência na nossa sociedade.

referências
Referências Bibliográficas

BAUDRILLARD, J. Para uma crítica da economia política do signo. Editora Elfos, 1995.

BAUDRILLARD, J. A troca Impossível. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

BAUDRILLARD, J. A sociedade do consumo. Rio de Janeiro: Edições 70, 2009.

DEBORD, G. Sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 1997.

DESCARTES, R. Discurso do método. Porto Alegre: L&PM Editora, 2005.

LÉVY, P. Inteligencia colectiva: por uma antropologia del ciberespacio. Biblioteca Virtual en Salud, Bireme – OPS – OMS. Washington, 2004.

MARTÍN-BARBERO, J. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora UERJ, 2009.

WILLIAMS, R. W. Cultura e sociedade: de Coleridge a Orwell. Petrópolis: Vozes, 2011.

Imprimir
© 2019 - LAUREATE - Todos direitos reservados